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Cadeirada, ofensas e soco na cara: às vésperas de debate da Globo, relembre os embates anteriores entre candidatos de SP

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Na próxima quinta-feira (3), os candidatos à Prefeitura de São Paulo participam do 11º e último debate antes do primeiro turno das eleições, promovido pela TV Globo, a partir das 22h. Além do encontro em São Paulo, a emissora realizará debates nas outras 25 capitais que participam do pleito.

O debate reunirá cinco candidatos: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (Psol), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB), e será mediado pelo apresentador César Tralli, âncora do Jornal Hoje.

Globo também comunicou às siglas quais são as regras, que estão mais endurecidas do que debates municipais anteriores. A gravação não terá plateia e somente um assessor por candidato poderá permanecer no espaço. Os candidatos também não podem praticar injúria, difamação ou calúnia contra os adversários nem os chamar por apelidos.

As determinações buscam garantir a normalidade dos debates, que vêm sendo marcado por xingamentos, ataques pessoas e até mesmo agressões físicas. No encontro promovido pela TV Cultura, em 15 de setembro, o apresentador José Luiz Datena arremessou uma banqueta contra Marçal após ser acusado de assédio sexual pelo ex-coach.

Oito dias depois, no debate realizado pelo Flow, o videomaker de Marçal, Nahuel Medina, desferiu um soco contra Duda Lima, marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB), após o assessor do prefeito comemorar a eliminação do candidato do PRTB por reiteradas ofensas durante a programação.

O baixo nível do debate, no entanto, não começou aí, mas fez parte dos encontros desde o começo. No encontro da Band, de 8 de agosto, Marçal foi chamado de machista, “bandido”, “desrespeitoso”, “sem educação” e “picareta” depois que classificou a candidata Tabata Amaral (PSB) como “adolescentezinha” e “jornalistazinha militante”. Foi neste encontro que Marçal atribuiu a Boulos o uso de cocaína. Até hoje, no entanto, nenhuma prova foi apresentada.  Em vez disso, foi apresentado um processo de outra pessoa com o mesmo nome que o do candidato.

No debate seguinte, realizado pelo Estadão, Terra e a FAAP, viralizou o momento em que Boulos tenta retirar das mãos de Marçal uma carteira de trabalho, que o ex-coach empunhava em direção ao psolista. “Se eu sou o Padre Kelmon, eu vou exorcizar o capeta com a carteira de trabalho. Você nunca vai ser prefeito enquanto tiver homem nessa cidade”, afirmou Marçal escalando o clima de agressividade entre ambos.

Nesse encontro, a candidata Marina Helena (Novo) se somou a Marçal ao falar de temas batidos para a direita, como “ideologia de gênero”, apoio da esquerda ao grupo terrorista Hamas, “comunismo” e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O tom dos primeiros debates fez que com o terceiro ficasse esvaziado, sem a presença de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos (Psol) e José Luiz Datena. Alvos dos outros candidatos que compareceram, os três retornaram à arena após mudanças nas regras, já no debate da TV Gazeta em parceria com o My News.

No debate de 1º de setembro, além da briga pelo voto bolsonarista entre Marçal e Nunes, Datena entrou para o rol das discussões mais acaloradas ao chamar Marçal de “condenado”, fazendo referência à prisão do candidato bolsonarista em 2005. Ao final do terceiro bloco do debate, provocado, Datena chegou a deixar seu púlpito e ir em direção ao de Marçal, contrariando as regras do debate.

As rédeas saíram do controle no debate seguinte, da TV Cultura, com a agressão de Datena contra Marçal. O ex-coach acusou o apresentador de televisão de ter assediado sexualmente uma funcionária da emissora em que trabalhava. Para falar sobre o caso, chegou a utilizar a palavra “estuprador”. “Homem é homem, mulher é mulher, estuprador é diferente, né?”, disse Marçal citando trecho da música dos Racionais. “Eu quero saber se você tocou na vagina dela como é que foi essa questão de assédio sexual.”  Mais uma vez, o nível de agressividade entre os candidatos, encampada por alguns com mais ênfase, ofuscou qualquer possibilidade de discussão sobre as propostas para a cidade.

O destemperamento até então nunca registrado em debates eleitorais na capital paulistana levaram a produção da RedeTV! e do UOL a parafusar as cadeiras no chão para o próximo debate e a posicionar um segurança para cada candidato. Desde o debate da TV Gazeta, outras regras haviam sido estabelecidas: estúdio sem plateia, apenas dois assessores por prefeitável e proibição de gravação do programa. Apesar dos esforços da produção e do empenho dos demais candidatos em evitar cair nas provocações de Marçal, o embate entre Nunes e o ex-coach escalou com o atual prefeito sendo chamado de “tchutchuca do PCC”. O conflito gerou uma advertência para ambos.

O nível do debate só melhorou efetivamente no debate do SBT, em 20 de setembro, quando Marçal baixou o tom das ofensas e o embate ganhou holofote sobre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, que disputam a eleição de lados opostos da política.

A evolução, no entanto, não durou muito. Aos 45 minutos do segundo tempo, no debate do Flow, a coisa desandou e Duda Lima, marqueteiro de Ricardo Nunes, saiu ensanguentado dos estúdios. Na ocasião, Nahuel Medina desferiu um soco em Lima depois que o marqueteiro de Nunes tentou tomar o seu celular.

O videomaker estava filmando a reação do marqueteiro, que comemorava a expulsão de Marçal do debate. A expulsão, por sua vez, ocorreu por normas pré-estabelecidas. O ex-coach, advertido três vezes por injúria e calúnia contra Nunes, foi penalizado pelo apresentador Carlos Tramontina. Lima teve deslocamento de vítreo, o que deixou sua retina exposta.

Dado o ponto em que a agressividade chegou nos debates, Record reforçou as regras para o seu encontro. No estúdio, apenas um segurança e três assessores. O uso de celulares para gravação de vídeos ou fotos pelos assessores foi proibido. As mesas e as cadeiras foram fixadas no chão, e os copos de vidro foram substituídos por copos de acrílico.

As regras e todos os reforços feitos os candidatos e as suas equipes surtiram efeito, e o debate foi o primeiro sem brigas. O tom mais ameno permitiu que holofotes se voltassem para a gestão de Ricardo Nunes, que foi alvo de acusações e contradições apontaram pelos outros candidatos.

Apesar de não seguir o padrão de violência e ataques dos outros debates, o último realizado, pela Folha de S. Paulo em parceria com o UOL, registrou uma elevação de tom dos candidatos, mas que não chegou a se concretizar em brigas. O encontro deste dia 30 foi marcado por troca de acusações, quase nada de proposta e apelos a citações bíblicas.

Nunes e Marçal voltaram a elevar o tom nas trocas de farpas, com algumas intervenções de Boulos nas incriminações. Os três, que lideram as pesquisas de intenções de votos, até mesmo com o registro de empate técnico triplo, apostam na estratégia de desqualificar os adversários para se destacar. Nessa tentativa, no entanto, deixaram as propostas de lado.

Debate da TV Globo

O debate da TV Globo será transmitido ao vivo pelo canal da emissora na televisão aberta, pela GloboNews e pelo g1. O encontro será dividido em quatro blocos. No primeiro e no terceiro, os candidatos perguntam entre si sobre temas livres, sem repetição de candidato. Todos fazem e respondem a uma pergunta. No segundo e quatro blocos, a dinâmica é a mesma, mas o tema será sorteado pelo mediador.

No total, os candidatos terão 40 segundos para fazer as perguntas, um minuto e 40 segundos para a resposta, um minuto e 15 segundos para a réplica e um minuto para a tréplica. Ao final do último bloco, cada candidato terá dois minutos para as considerações finais.

Edição: Nathallia Fonseca

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